Apesar da herança social patriarcal, a mulher tem-se inserido no papel de protagonista
de sua história assumindo novas funções e representações no mundo contemporâneo.
Através do grito: Ei, mundo! repetido por uma das atrizes, várias vezes, e ao som da
música ” Maria da Vila Madalena” de Elza Soares, especialmente no trecho: “Aqui você
não entra mais, eu digo que não te conheço…”, foi possível sentir a voz que precisa sair
e ser disseminada.
Ademais, retratos sem fotos, misturados a grandes nomes de mulheres brasileiras,
deram à plateia o direito de pertencimento durante a narrativa – Eu sou essa mulher e
posso me libertar também – não há a necessidade de quebrar o paradigma da
organização familiar em que a matriarca cuida da casa, emprego e filhos, contudo, a
contribuição e o respeito masculino precisam fazer parte do novo modelo do futuro
feminino.
Diante de mulheres lembradas em cena, um trecho da feminista francesa Simone de
Beauvoir casa com a proposta da peça: “Já tinha aprendido que a minha vida, como
toda vida humana, eu mesma preparo para mim. E a substância dessa vida que o
mundo me concede é sempre esmagada, esquartejada, dilacerada. Não se nasce
mulher. A gente se torna mulher.”
Ei, mundo, somos simplesmente mulheres!