A demanda do consumidor por crédito cresceu 1,3% entre os meses de fevereiro e março e fechou o primeiro trimestre com elevação de 0,7%, na comparação com o trimestre imediatamente anterior. Os dados são da Boa Vista e estão com ajuste sazonal.
Na comparação com março de 2022, foi registrada alta de 5,3%. Nesta comparação interanual nota-se desaceleração da demanda, uma vez que na comparação entre fevereiro deste ano com igual mês do ano passado houve elevação de 9,5%.
Já na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, o desempenho do indicador foi melhor, com avanço de 7,4% no acumulado dos primeiros três meses.
Segundo a Boa Vista, o indicador continua em trajetória de crescimento, mas desacelerando no resultado acumulado em 12 meses, que passou de 3,3% em fevereiro para 3,2% em março.
POR SEGMENTO
As aberturas do indicador por segmento apresentaram comportamentos parecidos no mês. Em março foi observado aumento de 0,9% no segmento “Financeiro” e de 1,6% no segmento “Não Financeiro”.
Por outro lado, enquanto o segmento “Financeiro” avançou 2,0% entre o 4º trimestre do ano passado e o 1º trimestre deste ano, o segmento “Não Financeiro” recuou levemente, 0,1%, na mesma base de comparação.
As variações na comparação interanual das aberturas foram no mesmo sentido, diferentemente do que foi observado no mês anterior, mas em magnitudes bem distintas.
O segmento “Financeiro” subiu 12,2% e o “Não Financeiro” 0,6% em março. Esse padrão foi também verificado na comparação entre os resultados do primeiro trimestre deste ano contra igual período do ano anterior, com o segmento “Financeiro” crescendo 17,7% e o “Não Financeiro” 0,3%.
Já em 12 meses, o crescimento no segmento “Financeiro” continua em desaceleração, passando de um crescimento de 15,3% em fevereiro para um avanço de 15,2% na aferição atual.
No segmento “Não Financeiro” o indicador segue aprofundando seu ritmo de baixa e agora registra variação de -4,8%, ante -4,7% até o mês de fevereiro.
“O aumento na comparação trimestral não foi suficiente até aqui para reverter a tendência de desaceleração na demanda por crédito e, na verdade, isso não é esperado que aconteça no curto prazo. O comprometimento de renda das famílias ainda é muito elevado, mesmo que tenha melhorado nas últimas leituras, e diante de um cenário de juros altos, que deve se estender por mais tempo, e de inadimplência elevada também, a demanda por crédito do consumidor deve se deparar com uma oferta mais restritiva”, diz Flávio Calife, economista da Boa Vista.