Seja pela incerteza econômica, que é global, seja pelas mudanças no mercado nos últimos anos e que ainda exigem adaptações, 2023 será um ano de desafios para empreendedores de diferentes segmentos.
Na tecnologia, empresas de diferentes nichos já deram o start em iniciativas internas para garantir mais vendas, retenção de talentos, engajamento dos times e buscar parcerias.
As empresas estão investindo na automação de marketing, em práticas de inclusão e diversidade, em fortalecer a governança e em consolidar o modelo flexível de trabalho e em construir um bom networking. Conheça algumas das iniciativas em startups e empresas de tecnologia e os conselhos para empreendedores:
Planejamento e estratégia: é preciso ter foco e se concentrar nas metas da empresa
Na opinião de Guilherme Reitz, CEO e cofundador da Yungas, empresa de tecnologia especializada na gestão e comunicação de grandes redes de franquias, é importante que o empreendedor se concentre em seu planejamento e estratégias, evitando gastar tempo e energia com o turbulento cenário político-econômico do país.
“Em momentos turbulentos e polarizados como temos vivido no Brasil nos últimos anos, é comum que alguns empreendedores se desgastem e tomem decisões equivocadas e precipitadas frente às incertezas”, ele comenta.
“A verdade é que o Brasil sempre teve inúmeros problemas e desafios político-econômicos, e provavelmente isso infelizmente não mudará no curto prazo. O empreendedor, especialmente o pequeno empreendedor, na minha visão, deve canalizar todas as suas energias em se adaptar, executar o seu plano, fazer seu negócio crescer e não deixar as mazelas de Brasília atrapalharem seu foco.”
Em doze anos de empreendedorismo, aprendi que o importante é focar em estratégias e metas, independente do cenário político”, conclui o CEO. “No final das contas, o foco na execução desses planos é o que de fato vai trazer resultados significativos para a empresa.”
Marketing: automação para vender mais
O cenário global de recessão previsto para 2023 é uma das preocupações do setor de vendas das empresas. Nesse contexto, André Floriano, country manager da edrone no Brasil, orienta que o foco seja a retenção de clientes, que exige menos investimento que a aquisição de leads.
“Vemos um potencial grande no e-commerce brasileiro entre PMEs e em 2023 pode ser uma boa oportunidade dessas empresas usarem estratégias de marketing digital para fortalecer o relacionamento com o consumidor. A principal dica para quem vende online é conhecer seu cliente e estabelecer um contato próximo dele. Apostar em omnicanalidade, com venda em diferentes canais, estimular feedbacks e avaliações, criar benefícios de fidelização e compartilhar conhecimento são ações que podem ser automatizadas. A automação das atividades de Marketing, além de economizar tempo e esforço da equipe, gera resultados muito melhores do que as práticas tradicionais. O custo-benefício é imbatível”, sugere o country manager.
M&A: startups precisam adequar governança
Para Rafael Assunção, fundador e Managing Partner da Questum, deverá ocorrer expressiva ampliação do perfil de empresas que buscam, por meio da aquisição de startups, acessar novos modelos de negócios, produtos e times em 2023.
“Acreditamos que 2023 será um ano de retomada seletiva de IPOs, o que traz liquidez a potenciais compradores e abre mais oportunidades de M&A para startups. Além disso, algumas mudanças regulatórias podem acelerar as movimentações em determinados segmentos. Destacamos a agenda de Open Finance do Banco Central, que deve continuar acelerando as oportunidades para as fintechs. Na mesma linha, o novo marco regulatório liderado pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) tende a acelerar o segmento das insurtechs”, afirma o executivo.
Para que os empreendedores estejam preparados para aproveitar as oportunidades, porém, é preciso se antecipar e aprimorar os aspectos de governança corporativa, levando a startup a um patamar de práticas tributárias, trabalhistas e societárias adequado às demandas de empresas de capital aberto.
“Do ponto de vista dos compradores, o maior desafio é encontrar startups que tenham um tamanho e nível de governança adequados para viabilizar uma operação. Do lado das startups, é a construção de modelos de transação de M&A que sejam capazes de realizar as sinergias planejadas”, orienta Assunção que assessorou, junto à Questum, as operações de vendas das startups PagueVeloz (para Serasa Experian), Lett (para Neogrid), Ipê Digital, Effecti e Mercos (para Nuvini), Mercadapp (para Linx) e Zipper (para CRM&BONUS).
RH: Retenção e atração de talentos
Na área de Recursos Humanos, o início do ano é um momento importante para definir as prioridades e se assegurar de que elas estejam alinhadas com as estratégias da empresa.
No setor de tecnologia, depois de um ano de volatilidade de mão de obra, o foco da divisão de Agricultura da Hexagon, que desenvolve soluções digitais para o campo e a floresta, é construir mais ações de atração e retenção.
Segundo o gestor do projeto de RH estratégico da divisão, Luciano Campanha, é preciso avaliar, em primeiro lugar, se há recursos necessários para realizá-las e, se precisar, negociar o orçamento para execução dessas ações.
“No início do ano preparamos um plano de trabalho contendo todas as ações e datas previstas para cada área do RH (recrutamento, treinamentos, segurança, benefícios etc…).
Esse plano é discutido com o Presidente e então, depois de aprovado e ajustado, os projetos são apresentados e distribuídos para toda a equipe”, explica. Ele recomenda, também, rever as prioridades pelo menos trimestralmente e ajustá-las sempre que necessário.
Além da atração e retenção de talentos, o desenvolvimento de lideranças e ações de inclusão e diversidade também serão foco da empresa neste ano.
“Buscamos promover um ambiente de trabalho que seja cada vez mais inclusivo, acolhedor e motivador para todos. Um grande desafio das empresas na atualidade é o monitoramento desse novo ambiente de trabalho híbrido (presencial e home office) e como manter a nossa cultura organizacional viva e o engajamento de nossos colaboradores nesse novo cenário”, explica.
Flexibilidade: Consolidação do trabalho remoto e seus desafios
Já é um fato que o trabalho remoto veio para ficar. Se ainda havia desconfiança sobre o home office, depois dele se mostrar eficiente durante a pandemia de Covid-19, essa realidade mudou, mas ainda exige adaptação por parte das empresas e dos funcionários.
Segundo Maria Gabriela Souza, People Business Partner da empresa, o principal desafio do regime remoto de trabalho para o RH é engajar times.
“Quando não estamos presencialmente juntos, falta esse contato de ver a pessoa, sentir como ela está. Então, precisamos criar formas de manter e medir o engajamento por meio de ferramentas e também de cerimônias / rituais e benefícios para o time”, completa.
Networking: empreendedorismo se fortalece em conjunto
Empreendedorismo se faz dentro de um ecossistema e, portanto, em conjunto com pares dos setores públicos, privados e sociedade civil. Para Fabiano Dell Agnolo, diretor executivo do Join.Valle, essas parcerias garantem conexões importantes para desenvolver os negócios no longo prazo.
“Estar em contato com outras pessoas permite que o empreendedor entenda o contexto do mercado que está inserido, trace estratégias para sua empresa e se faça conhecer por potenciais clientes, investidores e parceiros que ajudam a alavancar a empresa. É sobre manter contato, se comunicar e se posicionar para gerar relevância no mercado, sobretudo, ajudando com as dores de seus parceiros e clientes. O empreendedor deve saber quais locais são estratégicos para estar”, explica o executivo.
As opções de interação são muitas, em vários espaços diferentes: movimentos locais de empreendedorismo, eventos e feiras de negócios, palestras pontuais sobre o mercado e programas de aceleração.
O empreendedor precisa estar informado sobre iniciativas e suas agendas de programas e eventos, para buscar de forma ativa por conexões.